sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Cabo Verde é um país dominado pelos jovens. Daí que aqueles a quem os cidadãos escolhem através de votos para representarem a pátria deveriam investir mais na criação de mais postos de trabalho, oferecer oportunidades e recursos necessários para obtenção de negócio próprio, fazer apostas na qualidade de ensino e mais formação profissional em diversas áreas.

Entretanto sabe-se muito bem que as coisas na realidade não são tao bonitas como escritas no papel. Por isso é de extrema importância os jovens saberem mais do que nunca economizarem os poucos recursos que são adquiridos com muito esforço, cuja principal fonte de rendimento são os pais.

Saiu-se aos corredores da UNICV para saber como é que os alunos do interior estão a gerir a sua economia e manter a sustentabilidade dos estudos.

Helton Varela, estudante de Unicv
Helton Varela, proveniente da Assomada dá graças a Deus porque conseguiu uma bolsa de estudos, não paga a renda de casa, pois mora com a família na localidade de Eugênio Lima e já conseguiu superar os 3 anos de curso de muita dificuldade. Todavia, o estudante gasta cerca de 8 mil escudos mensais, nos produtos higiênicos, estéticos, transporte, carregamento de saldos, entre outros. A principal fonte de rendimento são os pais, e a sobrevivência da família depende da agricultura. Com efeito, considera-se um vitorioso porque está no último ano do curso de Engenharia Química e Biológica.

Já para o Gustavo Silva, a vida estudantil tem sido bem mais difícil. Apesar de ser privilegiado com uma bolsa de estudos, ele paga a renda de casa 3.500 escudos e mais 3 mil escudos mensais em produtos alimentícios. Além disso, o aluno tem outras despesas com produtos higiênicos e de limpeza, transportes, fichas de apoio às aulas, distrações, entre outras. A soma de tudo isso dá num total de cerca de 12 mil escudos por mês. Muito mais do que sentir-se vencedor, ele é grato pelo esforço louvável dos pais que moram em Calheta de São Miguel que trabalham incansavelmente na agricultura e criação de gado para custear todas os seus gastos.

Para Andreia Martins o problema é um pouco diferente. A aluna de de São Domingos não tem bolsas de estudos, consequentemente paga 9 mil escudos de propina todos os meses, 4 mil escudos de transporte, pois regressa à zona todos os dias, sem esquecer de mais 1500 escudos para lanche. Num total, ela gasta cerca de 15 mil escudos por mês. No entanto, está satisfeita porque encontra-se no último ano do curso de Jornalismo.

A medida que a investigação se segue, as dificuldades são ainda maiores. Sem uma bolsa de estudos, o pai encontra-se 3 meses em casa sem trabalhar devido problemas de saúde, e para aumentar o dilema, tem 3 meses de dívida de propina. Se se fizer uma lista dos gastos, estariam 4 mil escudos de renda de casa, 9 mil escudos de propina, além dos outros custos que nem ele mesmo tem a noção de quanto é que gasta. Num total de cerca de 17 mil escudos terá que estar no bolso todos os meses do contrário os estudos ficam comprometidos. Mesmo assim, o aluno santa-cruzense do 4º ano do curso de Matemática, não se rende perante os obstáculos, pois até aqui os tem vencido.


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